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domingo, 11 de janeiro de 2009

CATIVADO


CATIVADO
FAMILHA DONOVAN

PRÓLOGO

Ela nasceu na mesma noite em que a Árvore da Bruxa caiu. Com o primeiro sopro de ar que aspirou, sentiu o gosto do poder, sua riqueza e o amargor Seu nascimento foi mais um elo numa corrente que atravessava os séculos, uma corrente muitas vezes enfeitada com o brilho do folclore e das lendas. Mas quando este brilho falso era extraído, a corrente mantinha-se firme, temperada com a força da verdade.

Havia outros mundos, outros lugares onde aquele primeiro choro do nascimento foi celebrado. Muito além das vastas paisagens da costa de Monterey, onde o primeiro grito vigoroso da criança ecoou através da velha casa de pedras, a nova vida foi comemorada. Nos lugares secretos onde a magia ainda vicejava, nas remotas e verdejantes colinas da Irlanda, nas charnecas varridas pelo vento da Cornualha, nas profundezas das cavernas de Gales ao longo da costa rochosa da Bretanha, aquela doce canção da vida foi bem-vinda.

E a velha árvore, curvada e retorcida pelo tempo e pelo seu matrimônio com o vento, foi um silencioso sacrifício.

Com sua morte, e com a dor voluntária da mãe, uma nova feiticeira nasceu.

Embora a escolha tivesse de ser dela, um dom, afinal, pode ser recusado, cultivado ou ignorado, permaneceria em muito como parte da criança e da mulher que ela se tornaria, como a cor dos olhos. Por enquanto ela era apenas um bebê, a visão ainda embaçada, os pensamentos ainda informes, sacudindo os pequenos punhos nervosos no ar até mesmo quando seu pai ria e pousava o primeiro beijo em sua cabeça coberta pela leve penugem.

Sua mãe chorou quando a pequena sugou-lhe o seio. Chorou de alegria e tristeza. Já sabia que teria apenas aquela única filha para celebrar o amor e a união que compartilhava com seu marido.

Ela havia olhado, e havia visto.

Enquanto ninava a criança e cantava uma antiga canção, aquela mãe compreendeu que haveria lições a serem ensinadas e erros a serem cometidos. E compreendeu que um dia, não tão distante do agora, na imensa esfera das vidas, sua filha também iria procurar pelo amor.

Ela esperava que dentre todos os dons que passaria adiante, dentre todas as verdades que lhe diria, sua filha compreendesse ao menos uma, a mais vital.

A magia mais pura está no coração.

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