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domingo, 11 de janeiro de 2009

ENFEITIÇADO


ENFEITIÇADO
FAMILHA DONOVA

Prólogo

Negro como a noite, o lobo corria sob a lua cheia. Corria pelo seu prazer e solitário, através das árvores, das sombras escuras do bosque, da magia noturna.

O vento marinho assobiava canções antigas, açoitava os pinheiros, enchia o ar com sua fragrância. Pequenas criaturas de olhos brilhantes se escondiam e olhavam a bala predadora que corria uivando através do nevoeiro que envolvia o solo.

Sabia que eles estavam ali, podia cheirar, ouvir a batida temerosa de seus corações. Mas essa noite não estava atrás de caça, somente da própria noite. Não corria acompanhado, sua única parceira era a solidão.

Uma inquietude o consumia. Na procura de paz e sossego, o lobo conquistava o bosque, subia as colinas, rodeava os descampados, mas nada o aliviava nem o satisfazia.

Quando o caminho começou a inclinar-se e as árvores se espaçarem, reduziu a velocidade e cheirou o ar.

Tinha algo... algo que o seduzia e impulsionava a subir até as colinas do Pacífico.

Subiu as rochas com decisão e aguçou a vista procurando, explorando. Ali, naquele ponto onde as ondas se quebravam e a lua brilhava branca e cheia, ergueu a cabeça e uivou. Ao mar, ao céu, à noite.

À magia.

O som ressoou, expandiu-se, encheu a noite com sua pergunta, com um poder tão natural como respirar. E os sussurros que lhe responderam disseram que se aproximava uma mudança. Era o destino. De novo, o lobo de olhos dourados ergueu a cabeça e ouviu novamente. Queria saber mais, era importante. Em algum lugar do horizonte um relâmpago rompeu a noite com um reflexo branco e cegador. Depois, só um segundo mais tarde, pôde-se ouvir a resposta.

O amor se aproxima.

A magia flutuou no ar, dançou sobre o mar a gargalhadas. O céu se encheu de estrelas. E o lobo observou, escutou. Inclusive quando regressou para as espessas sombras do bosque, a resposta o perseguiu.

O amor se aproxima.

A inquietude que o consumia lhe acelerou o coração, lançou-se disparado por entre as árvores, rasgando o nevoeiro a cada passo. O sangue fervia, virou à esquerda, para o suave brilho das luzes. A janela de um refúgio lhe dava as boas vindas. Os sussurros da noite emudeceram. Enquanto subia as escadas, uma nuvem branca o envolveu, resplandeceu uma luz azulada. E o lobo se converteu em homem.

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