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domingo, 11 de janeiro de 2009

FACINADO



FACINADO
FAMILHA DONOVAN

PRÓLOGO

Desde muito cedo Sebastian percebeu seu poder. Aquilo que corria em seu sangue, transformando-o no que ele era, nunca precisou ser-lhe explicado. Nem precisaram lhe dizer que este era um dom que bem poucos possuíam.

Ele podia ver.

As visões nem sempre eram agradáveis, mas eram sempre fascinantes. Quando chegavam, mesmo quando chegaram a uma criança pequena, cujas pernas ainda nem se firmavam, ele as aceitava com a mesma facilidade com que aceitava o nascer do sol todas as manhãs.

Muitas vezes sua mãe sentava-se no chão com ele, o rosto próximo do seu, 0s olhos perscrutando os dele. Mesclada com seu grande amor, havia a esperança de que Sebastian sempre aceitasse o dom, que jamais fosse ferido por ele.

Embora ela soubesse que não seria assim, nos dois aspectos.

Quem é você? Ele podia ouvir seus pensamentos com tanta clareza como se ela· falasse em voz alta. Quem você será?

Havia perguntas que ele não podia responder. Mesmo então, já compreendera que era mais difícil enxergar dentro de si mesmo do que enxergar nas outras pessoas.

Com o passar do tempo, seu dom não impediu as brincadeiras, as disputas e provocações com as primas mais novas. Embora com freqüência, com muita freqüência, ele tentasse ir além de seus limites e experimentasse sempre mais, isto não o impedia de desfrutar de uma casquinha de sorvete nas tardes de verão, nem de rir assistindo desenhos nas matinês de sábado.

Sebastian era um menino normal, ativo e travesso, com uma aguçada e, às vezes, tortuosa inteligência, e um rosto notavelmente belo, realçado pelos hipnóticos olhos azul-acinzentados e pelos lábios cheios e de sorriso fácil.

Passou por todos os estágios que levam um menino na direção da masculinidade. Os joelhos esfolados e ossos quebrados, as pequenas e grandes rebeldias, o primeiro e excitante sorriso recebido de uma garota bonita. Como todas as crianças, tornou-se adulto, saiu do território de seus pais e criou o seu próprio.

E o poder cresceu, na mesma medida que ele.

Considerava sua vida como bem ajustada e confortável.

E aceitava, como sempre fizera, o simples fato de que era um feiticeiro.

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